quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Respirou 2009? Então agradeça!


Cometer erros e acertos, passar por momentos de tristeza e de felicidade, ser amado e ser odiado. Tal variedade de sentimentos e situações vivenciadas por todo ser humano é o que o define como um ser que "vive". Este equilíbrio entre dor e prazer deve ser encarado como uma benção, percebido como uma dádiva, pois isso é "viver"...

Periodicamente lembramos de agradecer pela capacidade de enxergar e andar, muitas vezes por vermos que muitas pessoas não possuem essas habilidades, mas certamente lembra-se de agradecer pelo dom de respirar com uma frequência menor.

O dom da vida não é devidamente valorizado pelos seres humanos. Por ser universal, e não criar em quem o possui o sentimento de que ele o torna especial, é banalizado. Não há, aqui, pretensões de convencer alguém a parar de reclamar dos problemas. Tanto os problemas quanto as reclamações fazem parte da “vida”.

O meu objetivo é que os nobre visitantes do Fábula Quadrada façam uma reflexão sobre o dom do existir e a importância do reconhecer o quanto a capacidade de respirar, de amar e de ajudar são especiais. Se você está lendo esta mensagem é porque está prestes a vivenciar mais um ano. Apenas quero lembrá-lo que muitas foram as vitórias conquistadas neste ano – inclusive a de findá-lo respirando – e que todas são motivos especiais pelos quais se deve agradecer.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Experimento Sociológico: me assalta suspeito!



Depois de tomar um esporro e quase ser mandado embora pelo chefe, decidi atacar de novo, desta vez com um desconhecido. O sujeito tava andando pela rua, todo cheio de marra, tirado a gatinho playboy depois da gripe suína, quando eu me aproximei e disso. E aí maluco, ta a fim de me assaltar? To com grana, chega junto e leva tudo!

O cara se assustou, botou uma base enquanto eu me aproximava. A rua estava movimentada. Ele me olhou como se eu fosse maluco. Ainda com mascara de bad boy, foi abaixando a guarda enquanto eu tirava meu relógio do pulso.

“Quero nada não parceiro! To de boa!”, disse o moleque um palmo mais alto que eu. Fiz cara de mal, o que deve tê-lo assustado bastante, levando em consideração que eu não levo jeito pra fazer ameaças. Ele olhava ao redor, sorrindo. Colocou a mão no meu ombro e disse: “Já sei, cadê a câmera! To na TV né? É pegadinha...”.

Eu aproveitei o momento pra dar o fora antes que a coisa esquentasse. “É sim! Sorria! Você está na TV!”. Apontei para um local distante, indicando ao jovem estilo marginalzinho o local onde estaria a câmera. Ele riu e deu um tchauzinho. Apertou minha mão e foi embora rindo... Câmera que é bom não tinha em canto nenhum.

Eu acho que ele é louco. Será que ele acha que eu também sou?

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Experimento sociológico: eu menti pro chefe!



Estou empenhado num novo experimento sociológico. Criarei situações incomuns e observarei a reação das pessoas envolvidas para realizar uma análise crítica e científica sobre as ínfimas, milimétricas, fracionárias ações voluntárias e involuntárias. Já pensei em algumas das próximas situações que vou provocar. Mas, aceito sugestões.

Hoje inaugurei meu experimento. Chegue para o meu chefe e disse que tinha algo muito importante para conversar com ele. Na verdade, disse, tinha uma confissão a fazer. Ele olhou nos meus olhos tentando encontrar algo que lhe permitisse prever o que eu pretendia. Eu, ao perceber, simplesmente fechei os olhos.

Após cerca de cinco segundos, os abri novamente e contemplei meu chefe olhando-me perplexo. Como alguém que foi vomitado por um desconhecido ou foi testemunha ocular do atropelamento de um gato. – Não estou louco – disse. – Apenas quero que saiba que menti para o senhor.

O chefe conseguiu exibir uma expressão facial ainda pior do que a que já me assustava. “Eu sou louco. Melhor parar por aqui”, pensei comigo. Mas decidir prosseguir com meu experimento. Tudo pelo bem da ciência. – Tudo que coloquei no meu currículo era mentira! – balbuciei forçando um falso choro.

Mas prossegui. Disse que coloquei todas aquelas experiências em grandes jornais do mundo inteiro só para aumentar minhas chances de trabalhar na empresa. – Mas agora que já mostrei meu potencial, estou revelando a verdade e espero que me permita continuar prestando meus serviços a empresa. – disse.

Ele fechou os olhos por cinco segundo e, ao abrir, riu...

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Negros a venda


Pés descalços,
Gesto simples,
Vendo para que compres,
Essas vidas sem calços.

Negros de nariz amassado,
Mas de músculos de pedra,
Carregam baldes de merda,
Sobre os cabelos crespos maltratados.

Comprem enquanto estão vivos,
Comprem antes que a morte os leve,
Suportarão o deserto e a neve,
Comerão seus animais nocivos.

Pés ainda descalços,
Correntes ainda pesadas,
Liberdades assassinadas,
Esperança na corda com laços.

Uma luta,
Forças desiguais,
“Não somos animais!
Rebanho de filhos da p..."

De pés calçados,
Olhando com olhos altivos.
Sim, ainda estão vivos,
Os mesmos pálidos desgraçados.

Séculos se passaram,
Dizem que a história é outra,
Mas há quem seja contra,
Os laços já se quebraram?

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Chuchu (quiabo)


Às vezes distraio-me tentando endireitar os aparentes equívocos existentes no universo lexical. Algumas palavras parecem ter sido mal escolhidas. Desta vez meu devaneio arrebatou-me enquanto lavava verduras na área de serviço.

Já parou para observar um chuchu? Não acha que é uma palavra muito “delicadinha” para um objeto de formato e aspereza tão másculos? Repare nas características: suas fendas profundas, onde se escondem germes que só saem na base da faca; suas saliências robustas, que lembram músculos hipertrofiados; sua casca espinhosa, capaz de ferir mãos descuidadas...

Observei e cheguei a seguinte conclusão: chuchu não deveria se chamar chuchu. É muito fresco, sensível, afeminado. É como nenê, Dadá, Gugu. Essas palavras pequenas de sílabas repetidas dá a idéia de algo infantil. Irradia dengo.

Observem. O quiabo é que deveria se chamar chuchu, por ser magrinho e visguento. E chuchu muito bem poderia se chamar quiabo, substantivo terminado com a vogal ‘o’, indicador do gênero masculino. Parece até palavrão. Um dia talvez alguém com cabedal para isso perceba o erro e faça a correção. Eu vou fazer minha parte: a partir de hoje para mim chuchu é quiabo e quiabo é chuchu.

domingo, 4 de outubro de 2009

Maravilhoso Rio



Maravilhoso rio,
Atiro-me para ti entregando-te a vida.
Amei teu curso, tua lida,
Encontrei-me com as rochas,
E meu coração se abriu.

Meu sangue misturou-se com o teu,
Compartilhamos, então, o mesmo frio.
Alimentei os teus peixes,
Ele preencheu meu vazio.

Fique preso em sua rede,
Junto a outros seres condenados.
Agora nunca mais terei sede,
Como corpos mortos ensopados.
Liberto da dor de quem uma vez caiu.

Estou completo agora,
Dentro deste rio.
É aqui que mora a paz,
Onde vê-se o reflexo da aurora,
Brilho de panelas areadas com bombril.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

O Maluco do Punhal | Cap. 8




(Leia o primeiro capítulo da série: O Maluco do Punhal Cap. 1)

Andar rápido pelas ruas ladeiradas do vale das pedras, para longe da confusão que se armara na praça da feira, deixou o estranho forasteiro exausto. Sua respiração estava ofegante. A impossibilidade de apoiar-se com a perna esquerda dificultava ainda mais a locomoção. Parou por um instante para recobrar o fôlego.

O barulho das batidas descontroladas de seu coração misturava-se com um ruído, inicialmente indecifrável, mas que em certo ponto revelou-se semelhante ao som de unhas firmes, como garras de uma ave de rapina, arrastando sem cadência no paralelepípado quente. O volume do som aumenta enquanto ergue a cabeça cabeluda. O barulho cessa. Seus olhos, agora, estão diante de um enorme e feroz cão. A fera, já sem as patas no chão, corta o ar em sua direção.

O impacto derruba o homem que voa com o cachorro antes de suas costas encontrarem o chão áspero. Enquanto a fera cravada as presas no anti-braço do visitante misterioso, do alto do palacete imponente os olhos do coronel Abigail brilhavam na expectativa de ver a desigual batalha sangrenta que já iniciara por traz da nuvem de poeira. Enquanto libertava mais dois de seus cães viu uma linha de sangue surgir no meio das partículas de terra seca que davam ao ar uma tonalidade marrom clara. - Que chato. Uma vítima frágil. - Balbuciou o coronel.

(Continua no nono post da série: "Maluco do Punhal | Cap. 9")

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Vida - Céu


A vida é como um céu,
Muda a cada instante.
Tem dias que o sol se mostra,
Imponente, dominador.
Muda o estado de espírito de tudo que toca,
E sempre pra melhor.
Acaba com o frio de objetos
Animados e inanimados.

Na vida,
Um momento nunca é igual a outro,
Há dias em que somos acordados pelo próprio sorriso.
O amplo conceito de felicidade dentro dum só ser,
Não nos contemos diante da ausência de problemas.
Ou da divina capacidade de ignorá-los.

Como o sol neutraliza a frieza da água dos rios,
O sorriso aquece o coração.
Outros dias, porém, o sol não aparece,
Nuvens negras o impedem de incidir sobre a terra,
Tudo fica frio, escuro,
O sorriso fica escondido
Como a luz quando noite é.
Não há motivos pra sorrir,
E os motivos pra não sorrir
Assumem formas gigantescas.

Agora em mim não faz sol,
É um dia sem sorriso,
Um dia com motivos para não sorrir.
E o meu coração,
Sem calor,
Mergulha na escuridão.

O tempo passa devagar.
Distraio-me pensando numa esperança estúpida:
Talvez já seja noite,
Amanhã o sol vai me resgatar.

O tempo continua passando devagar.
Um mês depois finalmente fecho os olhos,
Pois a vida é assim,
Uma hora tem que acabar,
E chegou a hora,
E esse é o fim.
O fim do amor,
O fim do sorriso,
O fim do sol.

Um fim conclusivo,
Sem reticências.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Desculpem as lágrimas


Acabei assim,
Como se fosse o único,
Vivendo um mundo lúdico,
A experimentar o ruim.

A terapia de choque,
Minha melhor amiga,
Me lembra música antiga,
Mistura dos metais do roque.

Agora não gosto de nada,
E tento lembrar a esquina,
Que o sofrer virou minha sina,
Pra encontrar o momento-virada.

Ando com espada em riste,
E vivo a pedir desculpa,
A quem pede um sorriso sem culpa,
E só recebe um poema triste.

Remédios me acalmam,
Me oferecem um novo mundo,
Esqueço que estou moribundo,
Pois todos os inimigos se calam.

E eu simplesmente apago...

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Dores Incontroláveis


Dores homeopáticas

Como amenizá-las?

Com canções eclesiásticas

Ou uma viagem sem malas.


Talvez um analgésico,

Um buscopam em comprimido,

Combata os sintomas

De um sentimento confundido.


Devaneio aleatório,

Inexplicável e sem sentido,

Para constar no relatório

Deste louco desvarrido.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

SOL


Dói mas é prazeroso. Não, não é a perda da virgindade. É o olhar para o incandescente sol. Gosto de olhar para o sol,apesar da dor que isso provoca. Gosto do brilho danoso invadindo minhas pupilas, mas logo em seguida preciso fechar os olhos. Não consigo fitá-lo. Acho que é um sentimento comum entre os seres humanos. Gostar do que não consegue. Gostar do que não se pode ter. Gostar de quem não se pode ter.

Mas tive um experiência diferente no último sábado. Totalmente consciente do meu astigmatismo olhei para o sol esperando que a luz machucasse os meus olhos, mas não houve dor. Contemplei o grande sol até que ele fosse embora. E, num curto momento de distração, os vestígios de luz que coloriam as nuvens adjacentes também desapareceram. A noite chegou, mas uma pequena luz parecia permanecer em mim. Comigo. Um sentimento bom. Parecido, talvez, com o de perder a virgindade sem dor.

domingo, 5 de julho de 2009

Amor faz bem?


O amor pode até não morar na filosofia, ou entre rimas que oscilam entre prazer e dor, mas alimenta reflexões que resistem à passagem do tempo e que fazem bem a qualquer coração... até onde fazem bem.

Escrito por Kleber Rego

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Desenhista...


Traços diversos,
Rostos perplexos,
Maxilares côncavos,
Olhos convexos.

Formas distintas,
Cores das tintas,
Faces nutridas,
Outras Famintas.

Fios sobressalentes,
Enegrecidos e rentes,
Unem-se e formam,
Expressões descontentes...

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Estou voltaNDO

Desculpem-me pela ausência. Mas não volto para dizer que a partir de hoje as postagens voltam a ser frequentes. No entanto, novidades vão pintar sempre que possível. Não se preocupem. As séries O Maluco do Punhal e Serra da Caraconha vão continuar... os poemas e demais textos também.

domingo, 10 de maio de 2009

Mãe Minha




Morena linda
Amada minha
Mulher que cuida e
A mim ensina
Estrela guia...


Me dá carinho
Me dá amor
Sou teu orvalho
És minha flor...

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Seu Anjo, seu Amor...



Hoje eu acordei mais cedo,
Fiquei te olhando dormir,
Imaginei algum suposto medo,
Para tão logo poder te cobrir.


Tenho cuidado de você todo esse tempo,
Estás sob meu abraço, minha proteção,
Tenho visto você errar e acertar,
Amar e voar... E ferir o coração.


Você soube aonde pousar,
Ao acordar já terei partido,
Ficarei de longe escondido,
Mas sempre perto, de certo.


Como se eu fosse humano, vivo,
Vivendo para te cuidar e proteger,
Sem você me ver,
Sem saber quem sou,
Se sou anjo, se sou seu amor...


(Escrito por Kleber Rego - adaptado por Wesley Sobrinho)

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Extremos incansáveis




Altos e baixo...

Rastro de sangue...

Me arrasto no mangue...

Camuflo meu corpo...

Me infiltro na gangue...

Mas nunca me encaixo...

quinta-feira, 2 de abril de 2009

O Maluco do Punhal | Cap. 7


(Leia o primeiro capítulo da série: Maluco do Punhal Cap. 1)

Loreta acordou, ainda meio amortizado, e olhou a sua volta. Tudo era branco. Ficou meio surpreso, pois, pelos tantos males que praticou conscientemente em vida, imaginava que iria direto para o inferno numa fração de segundo após a morte. Principalmente depois do último ato desajeitado, que culminou no óbito do irmão Buzina.

A vista estava embaçada, mesmo assim notou a chegada de uma criatura com vestes brancas. Resplandecia. Seria um anjo? Notou uma mancha vermelha crescendo a cada passo que o ser iluminado dava em sua direção. Quando a distância chegou a cerca de dois metros conseguiu ver nitidamente o formato de uma cruz. Recobrada a capacidade de ver nitidamente, percebeu que estava num hospital. O esforço empreendido para controlar as pupilas o fez desmaiar de novo.

Longe dali, mas dentro dos limites da Vila da Pedra Branca, o sujeito esquisito descambava, vagarosamente, por uma ladeira íngreme com seu punhal no bolso. Neste momento, o coronel Abigail, pai dos irmãos beberrões, avista da janela do seu casarão o mulambento descendo a ladeira. “Hora da diversão”, pensou alto o cruel Abigail, ao qual ainda não havia chegado a notícia da morte de um dos seus filhos. Ordenou a abertura do portão e soltou um dos seus cachorros...

(Continua no oitavo post da série: "Maluco do Punhal | Cap.8")

terça-feira, 31 de março de 2009

Alimentação e Aprendizado



Mátéria, escrita por mim, publicada na edição de ontem (segunda-feira, 30) do Jornal A Tarde


Uma das queixas mais frequentes da sociedade atual é a falta de tempo. E os próprios pais utilizam este fato como desculpa quando o assunto é merenda escolar. Enquanto correm para dar conta de suas responsabilidades profissionais, pouco tempo resta para ser dedicado à alimentação dos filhos. Muitos recorrem a alimentos industrializados de fácil preparo ou que já vêm prontos para consumo.


O problema é que estes alimentos, embora aliados do corre-corre da vida moderna, são verdadeiros inimigos do organismo humano. Geralmente, são ricos em gordura trans, substância utilizada pelas indústrias alimentícias por proporcionar melhor sabor e resistência aos produtos, mas que contribui para o acúmulo de colesterol ruim no organismo.


De acordo com a nutricionista Cleida Prates, anos atrás eram raros os casos de crianças sofrendo de doenças como hipertensão e obesidade, sendo que, atualmente, casos assim surgem com frequência. “O que leva essas crianças a ficarem doentes é o consumo excessivo de gordura saturada e triglicerídeo – tipo de gordura adquirida com a ingestão de carboidratos, presente principalmente nos açúcares –, encontrados nesses lanches prontos, tão consumidos atualmente”, explica. Cleida diz ainda que a idade escolar coincide com a fase de crescimento e, mais ainda, atenção especial à alimentação é essencial.


Embora muitos pais se preocupem com a alimentação dos filhos, as crianças acabam se alimentando mal fora de casa. A funcionária pública Neilma de Oliveira Matos, que tem duas filhas em idade escolar, suspendeu o consumo de merendas industrializadas em casa, mas afirma ter dificuldade em controlar a alimentação das crianças na escola. “Nem sempre elas levam merenda de casa e na escola não há opção. Acabam comendo ‘porcaria’”, diz.


Modelo – Administradora da cantina de uma escola particular no Itaigara, Aiana Cavalcante encontrou solução para essa preocupação dos pais. Além de medidas de incentivo ao consumo de alimentos saudáveis, existe uma espécie de acordo entre pais, alunos e administração da cantina.


O estabelecimento oferece tanto alimentos saudáveis quanto frituras. O diferencial está na forma como estes alimentos são oferecidos. Para começar, o refrigerante é mais caro que os variados sucos de frutas e frituras, que só são vendidas a crianças com a autorização dos pais e não ficam expostas nas vitrines. Porções de frutas variadas é que ocupam esse espaço. “Essas medidas levam os alunos a optarem pelo lanche saudável”, afirma Aiana, acrescentando que a ideia deu certo.


De acordo com a nutricionista Cleida Prates, as frutas são o alimento mais indicado para a merenda escolar: por ser um alimento leve, mantém o aluno com disposição para assimilar os assuntos em sala de aula. “Muitas vezes o estudante não se alimenta direito quando sai de casa, optando por algo mais pesado”, lamenta Cleida.

sexta-feira, 20 de março de 2009

O que você ouve?



Pare e escute.
Não despreze a existência audível que o cerca.
O audível é sempre especial.
Só você o percebe deste jeito.
Seus sentimentos,
Seus batimentos cardíacos,
Tudo influencia a intensidade da pressão sobre seus tímpanos.

Os sons são os olhos dos cegos
e de todos os que, de fato, sabem ouvir.
Compartilhe sua singularidade agora.
Me conte o que você consegue ouvir neste momento.
Eu escuto você...
Eu vejo você...
Eu conheço você...

segunda-feira, 16 de março de 2009

Mudança Alimentar



“Somos o que comemos!”, dizem os vegetarianos, os doentes, os adventistas, parte dos orientais, os mendigos pessimistas e muitos outros grupos que atribuem à alimentação o segredo do bem estar (e do mal estar). Minha irmã aderiu a vida vegetariana no início do segundo semestre do ano passado e eu, que moro com ela, acabei (a contra gosto) entrando na onda.


Não foi fácil trocar os bifes bem passados por bolinhos de proteína texturizada de soja assados. Mas a mudança alimentar não parou por aí. O óleo de cozinha foi excluído da lista de compras. Passamos a comer ovos “fritos” na água (quando cozido na água, com a casca, a quantidade de proteínas do ovo diminui bastante); e paramos de comprar pão francês (fazemos em casa, com produto integral).


Apesar das dificuldades iniciais de adaptação, percebo que uma alimentação saudável é essencial para alguém se sentir bem (para muita gente um rodízio de churrasco é que é essencial). Vou compartilhar algumas descobertas com vocês:


Preço: Comida integral não é cara. Apesar dos centavos (ou até reais) a mais nos preços exibidos nas gôndolas dos supermercados, acaba sendo mais econômico porque uma pequena quantidade satisfaz. Nem vou citar a conta na farmácia no final do mês...


Força e Inteligência: A quantidade maior de nutrientes dá disposição. As substâncias cuja carência causa cansaço mental também são melhores repostas com a alimentação natural.


OBS: Não virei vegetariano. Como porcaria quando estou na rua. Façam o que eu digo, não façam o que eu faço.

terça-feira, 10 de março de 2009

O Maluco do Punhal | Cap. 6


(Leia o primeiro capítulo da série: Maluco do Punhal Cap. 1)

Desespero. A face imóvel nem demonstrava muito, mas desespero era o sentimento que, naquele momento, dilacerava coração e artérias de Loreta. O tiro foi disparado por ele e isso causava-lhe devaneios suicidas. Ouve o som de sirenes se aproximando. Levanta-se.


Loreta olha o interior do cano da arma. Segura-o por cima com a mão esquerda. Coloca o polegar da mão direita no gatilho e os outros dedos abraçam a coronha. Começa a pressionar o gatilho vagarosamente. O cano apontado para o meio dos seus olhos. Um filme começa a rodar em sua mente. Lembranças da infância. Nele, seu irmão estava vivo. Brincavam juntos. Felizes. Até aparece, repentinamente, um sujeito esquisito, um louco, armado com um punhal. O dedo continua apertando o gatilho.


O som estrondoso ecoou pelo cômodo destruído. O impacto lança Loreta para traz. Cai inconsciente. Foram policiais que invadiram o estabelecimento comercial com violência. O impacto da sola da botina do delegado Frederico, tão robusto quanto temido, deixou a porta em pedaços e acabou derrubando Loreta. A investida policial interrompeu o suicídio de Loreta, que agora estava desmaiado.

(Continua no sétimo posts da série: "Maluco do Punhal Cap. 7")

terça-feira, 3 de março de 2009

Incoerência d'alma



E na penUmbra esCura onde as flores nasceM com um cHeiro de viDa cansada um pEqueno besouRo tentavA alçar vOo sem sucEsso iNiciar seu regResso para mais perTo do soL de calor iNtenso e luZ plena que dissiPa as trisTezas e aliMenta A alma inSatisfeita que tenta Fugir a nOite eScura e o soL a fará pArar de tentar fuGir para loNge do eScuro que provoCa medo nos mais corajosos sEres desproVidos de eMoção febril que Mora no gelO e lá se eSconde como um Peixe que desejA viver para Sempre nas profunDas águaS geladas onde não Há sol nEm luZ nem bons Sentimento qUe o façAm lembRar dos momenTos de Outrora e o Lembrem O poder que a Saudade tem de aBrir cicaTrizes na Alma insatisFeita que Tenta fugIr A noite para perto do Sol onde os Besouros voAm liVre e a múSica é semPre agRadável aos oUvidos dos peiXes nostáLgicos que cAminham ou nAdam no corRedor da mOrte com Um fiO de esPerança...

segunda-feira, 2 de março de 2009

A garota que morava no quarto



A garota caída no chão está na iminência de soltar um berro estrondoso. Seu joelho esfolado provoca medo em seu agressor. Mas não por estar preocupado com a garota. Estava com medo das punições que poderia sofrer por ter provocado aquilo.


- Não queria te machucar – diz o muleque manhoso.
- Buáááá!! – dana-se a berrar a menina.
- Silêncio! Mainha vai ouvir...
- Sai daqui seu idiota!! Buááá!!

O garoto sai correndo quando ouve os passos de dona Maria. A garotinha no chão estatela a chorar enquanto ele desaparece na esquina.

- Quem te derrubou minha filha?
- Foi Marcelo. Ele me empurrou!! Buáá...


O garoto dizendo-se arrependido reaparece na esquina pedindo desculpas. A menina o chuta e é bruscamente repreendida pela mãe, que massageia a canela do primogênito atingida pelos pés descalços da pobre menina magrela.


A garota permanece no chão. Não sente mais a dor da ferida. Começa a chover e a menina, desprezada, não sente as gotas d'água atingirem sua pele. O desprezo faz com que ela questione a própria existência. Termina convencendo-a de que ela não está em lugar nenhum.


Impotente, tranca-se no seu quarto e começa a viver lá, de bico espichado e bochechas infladas...

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Libido Adolescente



E o que é que tem?
Barrado no cabaré por causa da idade?
Que relação existe entre uma coisa e outra?
Se me considero maduro para exercitar a virilidade?


E daí que tenho 15 anos?
Se o corpo pede, é porque pode!
Se necessita, é porque está preparado!
E o libido assanha os desejos mundanos...


Sociedade construída de forma equivocada.
Isso é uma ofensa ao curso natural das coisas.
Cansei de esperar por polução noturna.
Quero ver e sentir minh'alma despenada.


Leis atrapalham minha diversão,
Prostitutas lá, espalhadas nas esquinas,
Mas eu, não entendo, não posso buscá-las,
Barrado serei por não ter habilitação.


Virgindade imprestável, princípio abominável .
Ate quando durará seu reino?
Oh! Excitação insistente e incômoda!
Ainda me livrarei de ti, com prazer imensurável.


Mergulharei nos fluidos alheios,
Realizarei meus sonhos mais insanos,
Negociarei com os maiores cafetões,
Mas só depois dos 18 anos...

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Se Liga Aratu! Se Liga Itapoan!



Bocão vai ter que pensar antes de falar e Uziel vai precisar ter mais cautela na hora de escolher seu alvo. Os constantes e crescentes abusos dos programas populares da TV Aratu e Itapoan, transmitidos em horário livre, finalmente darão uma trégua ao olhos e ouvidos da população.


O conteúdo já estava estrapolando, e muito, os limites da ética e do bom senso. Pessoas sendo ridicularizadas, exposição desnecessária de violência e até cena de simulação de sexo envolvendo crianças mostram o declive moral ao qual este tipo de programação estava entregue.


Na última quinta-feira, 12, representantes das duas emissoras e do Ministério Público Estadual (MPE) se reuniram para “conversar” sobre a divulgação de conteúdos que desrespeitam o Estatuto da Criança e do Adolescente e os Direitos Humanos.


Em nota divulgada no site do MPE, o órgão procura deixar claro que “não é intenção do Ministério promover censura ou interferir na liberdade de expressão”. O fato é que a intervenção foi necessária e, na minha opinião, deveria ter acontecido há tempos. Ficou combinado que, numa data ainda não divulgada, as emissoras assinariam um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC).

Espero que, como eu, você comemore essa atitude do MPE e posicione-se contra essa divulgação inconsequente motivada apenas pela competição doentia entre essas emissoras...

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Serra da Caraconha | Cap_8


Era uma questão de tempo até chegarmos até o topo. Os trechos mais difíceis ficaram para traz. Iríamos enfrentá-los de novo na volta, mas agora estávamos concentrados na subida. Nosso objetivo. Nossa conquista. O topo. “Caraaamba!”, gritava um grupinho de Barbies humanas sem motivo algum. A facção cor de rosa recém colhida (fresca) permaneceu melancolicamente unida desde o início da escalada.

“Caraaamba!”. O coral uníssono apresentava-se por minuto. As pedras estavam soltas e era preciso caminhar com cuidado. As pedras que deslizassem de suas pisadas iriam acertar em cheio quem estivesse atrás. Aí seria uma avalanche de sopranos, contraltos e tenores. Um motivo verdadeiro pra se dizer “Caraamba!”.

Eu estava exausto. Suado e respirando com dificuldade. O desvio do meu septo nasal piorava ainda mais a situação. Me incomodava o fato daquelas meninas estarem desperdiçando fôlego gritando “caraamba!”. Ainda alongando o “a” central. Não podiam ficar quietas e aproveitar a paisagem?! Caramba!!

Chegamos ao topo e – pasmem – as Barbies não disseram “caraamba”. Esperaram um tempinho e, quando já não tinha motivo nenhum pra surpresas, uniram em vozes para desgosto geral: “Caraamba”. E a poeira cósmica daquele astro chato formado por gritos simultâneos ia se desfazendo em risos sem sentido...

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Permita-me que eu a veja




Imponente montanha,
Diz-me onde ela está,
Só ela pode me curar,
Dessa saudade tamanha...

Revoltas ondas do mar,
Tragam de volta o meu amor,
Não agüento mais esta dor,
Sentimento que vai me matar...

Imensurável céu azul,
Leva-me até minha rainha,
Ela deve estar tão sozinha,
Permita-me um déjà vu...

Calma e suave brisa,
Traz até mim o perfume dela,
Sopre-o pra cá como um barco a vela,
E cura este infeliz que agoniza...

Sol poderoso e brilhante,
Faz-me lembrar o calor de seu peito,
Das noites que passava em seu leito,
E esquecer este frio tiritante...

Árvores monumentais,
Permitam que eu a veja,
Pois este homem que aqui rasteja,
Não consegue aguentar mais...

Salva-me! Oh Natureza!
Sei bem que os homens te ferem,
Mas nem sempre é ruim o que querem,
Ajuda-me, por gentileza...

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Sei como é isso...





As coisas ficam escuras quando anoitece. O ambiente fica parecido com o que assume o espaço quando estamos perto de morrer. Sei como é isso. Uma intensa tranquilidade baixa e toma conta de tudo. O movimento nas ruas vai ficando lento quando anoitece. Nas veias do corpo, o movimento também diminui enquanto agonizamos. O barulho vai desaparecendo e é preciso ligar as lâmpadas para que a rua continue ativa. Na iminência da morte, se você quiser continuar "funcionando", tem que ligar os aparelhos. Mas, às vezes, ligar os aparelhos não resolve. Da mesma forma, não adianta tentar manter a movimentação nas ruas apenas fazendo com que as luzes permanecam acesas. Uma hora tudo para. Aí só resta aquela luz no fim do túnel. Quando ela desaparece tudo acaba. Sei como é isso. Ou pelo menos sabia...

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Poeminha Eriçado



Fiz um verso bem sacana
Não daqueles que se da
A quem se ama
Mas pra quem quer se levar pra cama.


Um verso que se sente
Pra bagunçar a mente
Com abraços apertados
E beijos quentes.


Poeminha eriçado
De deixar o corpo arrepiado
Com friozinho na barriga
E calor pra todo lado.


Num suspiro pretensioso
Te mostro como é gostoso
Poesias em gemidos inspirados
No puro frenesi do gozo.


(Laís Trindade - adaptado por Wesley Sobrinho)

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

O Maluco do Punhal | Cap. 5


(Leia o primeiro capítulo da série: Maluco do Punhal Cap. 1)

Os gritos eram cada vez mais altos e desesperados. Certamente eram provocados por uma dor insuportável. Loreta correu na direção da fresta na porta, batendo-se em cadeiras de metal e chutando garrafas quebradas. Não enxergava quase nada.

Um golpe certeiro na testa o derrubou. Sentiu cacos de vidro penetrando suas costas. Foi sua vez de gritar. O dueto de choros lancinante fazia o pequeno Arivelton se sentir num pesadelo interminável. Suas lágrimas misturavam-se com seu sangue. Náusea. A escuridão parecia ficar mais intensa. A criança desmaiou, mas os gritos continuavam a incomodá-la. Em seu estado de inconsciência, acreditava estar no inferno.

Loreta, ainda em seu triste estado de razão, viu a porta se abrir e um homem de aspecto doentio sair rapidamente por ela. A luz invadiu o ambiente e trouxe consigo a pior das dores de Loreta. Voltou o olhar para a parte interna do estabelecimento. No centro, jazia seu irmão sobre uma poça de sangue. O tiro que deflagrara atingiu o peito de Buzina...

(Continua no sexto post da série: Maluco do Punhal Cap. 6)

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Cefaleia Mortal


A mornidão é gostosa quando o tempo está extremamente frio ou quente. Enchi um balde com água da torneira e coloquei uma panela com água no fogo. Misturei ambas. Minha cabeça fervia e precisava de algo que me desse prazer. Que amenizasse meu sofrimento. As veias latejando na lateral da minha testa pareciam estar na iminência de explodir. Os olhos pareciam produzir mormaço quando eu os abria. Não era uma simples dor de cabeça.


Coloquei o balde no banheiro. Olhei para o seu interior e vi meu reflexo na água morna. Um semblante de dor. Toquei a água com o dedo indicador da mão direita. A imagem se desfez. O semblante de dor desapareceu. Então tive uma ideia.


Me ajoelhei. Encostei meu queixo na borda do balde. Fechei os olhos e comecei a enfiar minha cabeça na água morna. O equilíbrio da temperatura era prazeroso. A água cobre os meus ouvidos. Seguro na borda do balde com força. O tempo se arrastava. A necessidade de oxigênio ia ficando maior a cada segundo. Espasmos involuntários. O líquido penetrou minhas narinas como facas afiadas.


Inalei a água como se fosse ar. Meus pulmões começaram a pulsar descontroladamente. Meus neurônios me dando broncas com as vozes cada vez mais baixas. A água não estava mais morna. Parecia ferver. No entanto, a temperatura do meu cérebro parecia baixar. O equilíbrio. Uma eternidade se passou. Meu corpo querendo se erguer. Lutei contra meu extinto de sobrevivência. A quantidade de água no balde diminuía. De repente, a dor de cabeça finalmente desapareceu.