terça-feira, 31 de março de 2009

Alimentação e Aprendizado



Mátéria, escrita por mim, publicada na edição de ontem (segunda-feira, 30) do Jornal A Tarde


Uma das queixas mais frequentes da sociedade atual é a falta de tempo. E os próprios pais utilizam este fato como desculpa quando o assunto é merenda escolar. Enquanto correm para dar conta de suas responsabilidades profissionais, pouco tempo resta para ser dedicado à alimentação dos filhos. Muitos recorrem a alimentos industrializados de fácil preparo ou que já vêm prontos para consumo.


O problema é que estes alimentos, embora aliados do corre-corre da vida moderna, são verdadeiros inimigos do organismo humano. Geralmente, são ricos em gordura trans, substância utilizada pelas indústrias alimentícias por proporcionar melhor sabor e resistência aos produtos, mas que contribui para o acúmulo de colesterol ruim no organismo.


De acordo com a nutricionista Cleida Prates, anos atrás eram raros os casos de crianças sofrendo de doenças como hipertensão e obesidade, sendo que, atualmente, casos assim surgem com frequência. “O que leva essas crianças a ficarem doentes é o consumo excessivo de gordura saturada e triglicerídeo – tipo de gordura adquirida com a ingestão de carboidratos, presente principalmente nos açúcares –, encontrados nesses lanches prontos, tão consumidos atualmente”, explica. Cleida diz ainda que a idade escolar coincide com a fase de crescimento e, mais ainda, atenção especial à alimentação é essencial.


Embora muitos pais se preocupem com a alimentação dos filhos, as crianças acabam se alimentando mal fora de casa. A funcionária pública Neilma de Oliveira Matos, que tem duas filhas em idade escolar, suspendeu o consumo de merendas industrializadas em casa, mas afirma ter dificuldade em controlar a alimentação das crianças na escola. “Nem sempre elas levam merenda de casa e na escola não há opção. Acabam comendo ‘porcaria’”, diz.


Modelo – Administradora da cantina de uma escola particular no Itaigara, Aiana Cavalcante encontrou solução para essa preocupação dos pais. Além de medidas de incentivo ao consumo de alimentos saudáveis, existe uma espécie de acordo entre pais, alunos e administração da cantina.


O estabelecimento oferece tanto alimentos saudáveis quanto frituras. O diferencial está na forma como estes alimentos são oferecidos. Para começar, o refrigerante é mais caro que os variados sucos de frutas e frituras, que só são vendidas a crianças com a autorização dos pais e não ficam expostas nas vitrines. Porções de frutas variadas é que ocupam esse espaço. “Essas medidas levam os alunos a optarem pelo lanche saudável”, afirma Aiana, acrescentando que a ideia deu certo.


De acordo com a nutricionista Cleida Prates, as frutas são o alimento mais indicado para a merenda escolar: por ser um alimento leve, mantém o aluno com disposição para assimilar os assuntos em sala de aula. “Muitas vezes o estudante não se alimenta direito quando sai de casa, optando por algo mais pesado”, lamenta Cleida.

sexta-feira, 20 de março de 2009

O que você ouve?



Pare e escute.
Não despreze a existência audível que o cerca.
O audível é sempre especial.
Só você o percebe deste jeito.
Seus sentimentos,
Seus batimentos cardíacos,
Tudo influencia a intensidade da pressão sobre seus tímpanos.

Os sons são os olhos dos cegos
e de todos os que, de fato, sabem ouvir.
Compartilhe sua singularidade agora.
Me conte o que você consegue ouvir neste momento.
Eu escuto você...
Eu vejo você...
Eu conheço você...

segunda-feira, 16 de março de 2009

Mudança Alimentar



“Somos o que comemos!”, dizem os vegetarianos, os doentes, os adventistas, parte dos orientais, os mendigos pessimistas e muitos outros grupos que atribuem à alimentação o segredo do bem estar (e do mal estar). Minha irmã aderiu a vida vegetariana no início do segundo semestre do ano passado e eu, que moro com ela, acabei (a contra gosto) entrando na onda.


Não foi fácil trocar os bifes bem passados por bolinhos de proteína texturizada de soja assados. Mas a mudança alimentar não parou por aí. O óleo de cozinha foi excluído da lista de compras. Passamos a comer ovos “fritos” na água (quando cozido na água, com a casca, a quantidade de proteínas do ovo diminui bastante); e paramos de comprar pão francês (fazemos em casa, com produto integral).


Apesar das dificuldades iniciais de adaptação, percebo que uma alimentação saudável é essencial para alguém se sentir bem (para muita gente um rodízio de churrasco é que é essencial). Vou compartilhar algumas descobertas com vocês:


Preço: Comida integral não é cara. Apesar dos centavos (ou até reais) a mais nos preços exibidos nas gôndolas dos supermercados, acaba sendo mais econômico porque uma pequena quantidade satisfaz. Nem vou citar a conta na farmácia no final do mês...


Força e Inteligência: A quantidade maior de nutrientes dá disposição. As substâncias cuja carência causa cansaço mental também são melhores repostas com a alimentação natural.


OBS: Não virei vegetariano. Como porcaria quando estou na rua. Façam o que eu digo, não façam o que eu faço.

terça-feira, 10 de março de 2009

O Maluco do Punhal | Cap. 6


(Leia o primeiro capítulo da série: Maluco do Punhal Cap. 1)

Desespero. A face imóvel nem demonstrava muito, mas desespero era o sentimento que, naquele momento, dilacerava coração e artérias de Loreta. O tiro foi disparado por ele e isso causava-lhe devaneios suicidas. Ouve o som de sirenes se aproximando. Levanta-se.


Loreta olha o interior do cano da arma. Segura-o por cima com a mão esquerda. Coloca o polegar da mão direita no gatilho e os outros dedos abraçam a coronha. Começa a pressionar o gatilho vagarosamente. O cano apontado para o meio dos seus olhos. Um filme começa a rodar em sua mente. Lembranças da infância. Nele, seu irmão estava vivo. Brincavam juntos. Felizes. Até aparece, repentinamente, um sujeito esquisito, um louco, armado com um punhal. O dedo continua apertando o gatilho.


O som estrondoso ecoou pelo cômodo destruído. O impacto lança Loreta para traz. Cai inconsciente. Foram policiais que invadiram o estabelecimento comercial com violência. O impacto da sola da botina do delegado Frederico, tão robusto quanto temido, deixou a porta em pedaços e acabou derrubando Loreta. A investida policial interrompeu o suicídio de Loreta, que agora estava desmaiado.

(Continua no sétimo posts da série: "Maluco do Punhal Cap. 7")

terça-feira, 3 de março de 2009

Incoerência d'alma



E na penUmbra esCura onde as flores nasceM com um cHeiro de viDa cansada um pEqueno besouRo tentavA alçar vOo sem sucEsso iNiciar seu regResso para mais perTo do soL de calor iNtenso e luZ plena que dissiPa as trisTezas e aliMenta A alma inSatisfeita que tenta Fugir a nOite eScura e o soL a fará pArar de tentar fuGir para loNge do eScuro que provoCa medo nos mais corajosos sEres desproVidos de eMoção febril que Mora no gelO e lá se eSconde como um Peixe que desejA viver para Sempre nas profunDas águaS geladas onde não Há sol nEm luZ nem bons Sentimento qUe o façAm lembRar dos momenTos de Outrora e o Lembrem O poder que a Saudade tem de aBrir cicaTrizes na Alma insatisFeita que Tenta fugIr A noite para perto do Sol onde os Besouros voAm liVre e a múSica é semPre agRadável aos oUvidos dos peiXes nostáLgicos que cAminham ou nAdam no corRedor da mOrte com Um fiO de esPerança...

segunda-feira, 2 de março de 2009

A garota que morava no quarto



A garota caída no chão está na iminência de soltar um berro estrondoso. Seu joelho esfolado provoca medo em seu agressor. Mas não por estar preocupado com a garota. Estava com medo das punições que poderia sofrer por ter provocado aquilo.


- Não queria te machucar – diz o muleque manhoso.
- Buáááá!! – dana-se a berrar a menina.
- Silêncio! Mainha vai ouvir...
- Sai daqui seu idiota!! Buááá!!

O garoto sai correndo quando ouve os passos de dona Maria. A garotinha no chão estatela a chorar enquanto ele desaparece na esquina.

- Quem te derrubou minha filha?
- Foi Marcelo. Ele me empurrou!! Buáá...


O garoto dizendo-se arrependido reaparece na esquina pedindo desculpas. A menina o chuta e é bruscamente repreendida pela mãe, que massageia a canela do primogênito atingida pelos pés descalços da pobre menina magrela.


A garota permanece no chão. Não sente mais a dor da ferida. Começa a chover e a menina, desprezada, não sente as gotas d'água atingirem sua pele. O desprezo faz com que ela questione a própria existência. Termina convencendo-a de que ela não está em lugar nenhum.


Impotente, tranca-se no seu quarto e começa a viver lá, de bico espichado e bochechas infladas...