Pinte um quadro. Não será necessário sujar as mãos de tinta, basta compor com a mente.Quando a obra prima estiver concluída estaremos diante de uma figura singular, imaginada por todos, buscada por alguns.
Na tela virgem, comece a fazer um esboço da cena que mais provoca expectativa no ser humano: o advento, a segunda vinda de Cristo, o fim da dor. Fique atento aos mínimos detalhes na hora de colorir, não esqueça da penumbra em degradê, efeito causado pela luz crescente que parte do trono de Cristo. Se for bastante criativo e dedicado talvez (e esse ‘talvez’ apresenta relevância altamente significativa nesse contexto) consiga se aproximar do que pode ser considerado parecido com o evento mais esperado dos últimos 2008 anos. Não há nada mais satisfatório do que a sensação de ter realizado um belo trabalho. Certamente valerá o esforço. Pelo menos até aqui.
Sua ação a seguir será delicada. Espero não pôr a perder todo seu esforço de aproximar-se da beleza real que aguardamos com o próximo passo que concluirá sua obra de arte, pois, o acabamento da pintura exigirá de nós um produto particularmente especial e raro: a sinceridade. Ela deixou de ser usada pelos “artistas” terrenos quando estes perceberam que as pessoas não reagiam bem a ela. Talvez por isso, o último passo seja o mais difícil. Mas vamos lá, você consegue.
Visualize na sua pintura um espaço privilegiado, de onde a visão para o trono de Cristo seja perfeita. Agora insira sua figura lá, sob os olhos de Jesus. Após tê-lo feito, contemple-se. Traduza-se. Decodifique-se. Que mensagem é transmitida pela sua expressão facial? Como seus olhos fitam o Cristo? Há um sorriso em seu rosto? Ou rolam lágrimas de tristeza em sua face? Sua reação é de compulsivo desejo de abraçá-lo ou a vergonha dos pecados acariciados fazem você desejar a morte? Que palavras você profere? A letra do esperado hino da vitória ou o clamor desesperado: pedras caiam sobre mim! As respostas a estas perguntas já estavam estampadas em seu coração antes mesmo de você pintar o quadro. Um quadro que, na verdade, sempre existiu.
Há uma conseqüência irremediável nessa experiência: a consciência de que esse quadro pintado por você é, na verdade, a pura realidade escondida atrás das ilusões e sonhos fúteis rabiscados sobre a tela original.
A morte de Cristo nos concedeu a chance de “mudar o quadro”. O sangue do filho de Deus, vertido por nós, possibilitou que sejam feitas retificações da nossa expressão na pintura. Se permitirmos e formos fiéis, Cristo pode colocar um sorriso em nossos lábios, apagar as lágrimas que desfiguraram nosso rosto, corar a fria e obscura palidez de nossa fase. Ele quer que você fique bem no retrato.