sexta-feira, 7 de novembro de 2008

O Maluco do Punhal | Cap. 1


Uma figura medonha. Uma esfera envolta em cabelos como o sol cercado de chamas. Era sua cabeça pendendo sobre o corpo magro e comprido. Vestia farrapos. Estava imóvel fazia uma hora. Apareceu cambaleando no final da rua, fazendo com que toda a praça se calasse com sua presença. Um clima de obscuridade baixou no local com sua aparição como por mágica. Arrastou-se, sem dizer nada. Fitava o chão como se por obrigação. Sequer piscava.

O clima de rígida apreensão permaneceu no clímax durante 10 minutos. Foi o tempo que o forasteiro levou para se deslocar da esquina onde surgiu até a sarjeta da praça principal. O homem magro sentou-se, bruscamente, fazendo com que os presentes tomassem um susto. Um espasmo uníssono. Aos poucos, os burburinhos surgiram e aumentaram gradativamente. Até que o barulho comum da feira voltou a reinar. As pessoas que pararam, retornaram aos seus passos, acelerando-os de forma progressiva.

A figura não parecia mais tão estranha. Pelo contrário, encaixou-se perfeitamente no ambiente onde optou por acomodar-se. Sentou-se numa sarjeta suja. Seus pés estavam cercados pelas laranjas podres que foram descartadas pelos comerciantes locais. Ratos aproximaram-se, tranqüilos, do homem estranho, como se o conhecessem. Rodeavam seus pés fétidos como os gatos domésticos fazem com seus donos.

O forasteiro levou a mão a um dos bolsos da calça rasgada. Antes de fazê-lo, olhou, pela primeira vez desde que chegara, ao seu redor, exibindo um rosto medonho. Olhos profundos, cansados, famintos por algo. Algo mais do que somente alimentos. Mexeu com os pés. Os ratos fugiram como flechas disparadas simultaneamente para diversas direções. Seu rosto parecia ter sido apedrejado. Um monstro. Estava tão sujo que era impossível dizer a cor real da sua pele. Suspendeu o braço vagarosamente, trazendo em sua mão o objeto que agarrara dentro do bolso. Finalmente, o objeto cintilante mostrou-se...
(Continua no segundo post da série: Maluco do Punhal Cap. 2)

4 comentários:

Iracema Chequer disse...

Oi Wesley! Pode sim, claro! Quando estiver pronto, me avise! Bjs

Anônimo disse...

Oi Wesley, vc e um cara de talento. Seu BLOG, ta massa cara !

Anônimo disse...

Me conta seu segredo...como você cria essas histórias??
Beijos

vou começar a ler parte 2.

Adalicio Anjos disse...

Vou terminar de ler a sua série e ver o fim desse pobre coitado!