sexta-feira, 12 de março de 2010
Maluco do Punhal | Cap.10
(Leia o primeiro capítulo da série: O Maluco do Punhal Cap. 1)
Sobre uma maca, um homem abria e fechava os olhos em uma cadência hipnotizante. Enquanto Loreta, aos poucos, mais uma vez recobrava a consciência, imagens de seu irmão morto apareciam como fleches em sua mente. A imagem da enfermeira, a quem no primeiro momento pensou se tratar de um anjo celestial, dava lugar ao cenário destruído da mercearia de Zé de Piló quando Loreta fechava os olhos. Na cena, o corpo de Buzina ainda debatia-se no chão. Loreta lutava para não ver aquele filme. Tentava desesperadamente manter os olhos aberto.
Seu anjo não ajudou. Injetou em sua veia um líquido que o arrastava para o inferno. Uma substância que o deixava sonolento. Fazia suas pálpebras ficarem pesadas. “Você precisa descansar”, dizia seu anjo de jaleco branco, brigando-o a assistir, repetidas vezes, seu companheiro de traquinagens infantis com um buraco feito a bala no peito, jorrando sangue como um chafariz.
Finalmente rendeu-se ao pesadelo. Adormeceu, e em seu filme de terror, um estranho com um punhal brilhante na mão dançava ao redor do corpo inerte de Buzina. O louco armado ria, gargalhava, apontando para e ferida no peito de seu irmão. Em seguida, olhava para Loreta e dizia: “Você o matou seu idiota. Atirou no peito do próprio irmão. Poupou-me de sujar meu belo punhal com esse sangue imundo. Sangue imundo como o seu. Obrigado palhaço. Rárara...”.
(Continua no décimo primeiro post da série: "Maluco do Punhal | Cap.11")
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