Mátéria, escrita por mim, publicada na edição de ontem (segunda-feira, 30) do Jornal A Tarde
Uma das queixas mais frequentes da sociedade atual é a falta de tempo. E os próprios pais utilizam este fato como desculpa quando o assunto é merenda escolar. Enquanto correm para dar conta de suas responsabilidades profissionais, pouco tempo resta para ser dedicado à alimentação dos filhos. Muitos recorrem a alimentos industrializados de fácil preparo ou que já vêm prontos para consumo.
O problema é que estes alimentos, embora aliados do corre-corre da vida moderna, são verdadeiros inimigos do organismo humano. Geralmente, são ricos em gordura trans, substância utilizada pelas indústrias alimentícias por proporcionar melhor sabor e resistência aos produtos, mas que contribui para o acúmulo de colesterol ruim no organismo.
De acordo com a nutricionista Cleida Prates, anos atrás eram raros os casos de crianças sofrendo de doenças como hipertensão e obesidade, sendo que, atualmente, casos assim surgem com frequência. “O que leva essas crianças a ficarem doentes é o consumo excessivo de gordura saturada e triglicerídeo – tipo de gordura adquirida com a ingestão de carboidratos, presente principalmente nos açúcares –, encontrados nesses lanches prontos, tão consumidos atualmente”, explica. Cleida diz ainda que a idade escolar coincide com a fase de crescimento e, mais ainda, atenção especial à alimentação é essencial.
Embora muitos pais se preocupem com a alimentação dos filhos, as crianças acabam se alimentando mal fora de casa. A funcionária pública Neilma de Oliveira Matos, que tem duas filhas em idade escolar, suspendeu o consumo de merendas industrializadas em casa, mas afirma ter dificuldade em controlar a alimentação das crianças na escola. “Nem sempre elas levam merenda de casa e na escola não há opção. Acabam comendo ‘porcaria’”, diz.
Modelo – Administradora da cantina de uma escola particular no Itaigara, Aiana Cavalcante encontrou solução para essa preocupação dos pais. Além de medidas de incentivo ao consumo de alimentos saudáveis, existe uma espécie de acordo entre pais, alunos e administração da cantina.
O estabelecimento oferece tanto alimentos saudáveis quanto frituras. O diferencial está na forma como estes alimentos são oferecidos. Para começar, o refrigerante é mais caro que os variados sucos de frutas e frituras, que só são vendidas a crianças com a autorização dos pais e não ficam expostas nas vitrines. Porções de frutas variadas é que ocupam esse espaço. “Essas medidas levam os alunos a optarem pelo lanche saudável”, afirma Aiana, acrescentando que a ideia deu certo.
De acordo com a nutricionista Cleida Prates, as frutas são o alimento mais indicado para a merenda escolar: por ser um alimento leve, mantém o aluno com disposição para assimilar os assuntos em sala de aula. “Muitas vezes o estudante não se alimenta direito quando sai de casa, optando por algo mais pesado”, lamenta Cleida.