Nasci por um descuido e acabei como o mais amado da prole,
causador de ciúme entre os planejados. Cedo, tornei-me a personificação das
voltas que o mundo dá. Responsabilidade demais para alguém sem habilidades notáveis
à primeira vista. Mas não há opções para os que vivem. Todos os que colocam os
pés neste mundo protagonizam uma jornada. Até quem opta pela estagnação está
adotando um caminho. Esgueirei-me entre as esferas sociais, em busca de um
ponto de equilíbrio entre abastados e famintos, já que os extremos sempre me
transmitiram desconforto. Essa estranha patologia nunca aparece nos exames de
sangue, mas habita minhas entranhas e faz cócegas no meu córtex pré-frontal.
Vou ficar por aqui, aliás, vou instalar-me ali mais adiante, cercado por aquela
grama mais verde, não verde vibrante como nos pastos que adornam o horizonte,
mas certamente mais verde que a relva que emudece sob meus pés.
Um comentário:
Oi. Parabéns pelos textos. Só li alguns mais gostei do que li. Vou colocar no meu reader e passarei por aqui de novo. Abraços
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