As coisas ficam escuras quando anoitece. O ambiente fica parecido com o que assume o espaço quando estamos perto de morrer. Sei como é isso. Uma intensa tranquilidade baixa e toma conta de tudo. O movimento nas ruas vai ficando lento quando anoitece. Nas veias do corpo, o movimento também diminui enquanto agonizamos. O barulho vai desaparecendo e é preciso ligar as lâmpadas para que a rua continue ativa. Na iminência da morte, se você quiser continuar "funcionando", tem que ligar os aparelhos. Mas, às vezes, ligar os aparelhos não resolve. Da mesma forma, não adianta tentar manter a movimentação nas ruas apenas fazendo com que as luzes permanecam acesas. Uma hora tudo para. Aí só resta aquela luz no fim do túnel. Quando ela desaparece tudo acaba. Sei como é isso. Ou pelo menos sabia...
quinta-feira, 29 de janeiro de 2009
Sei como é isso...
As coisas ficam escuras quando anoitece. O ambiente fica parecido com o que assume o espaço quando estamos perto de morrer. Sei como é isso. Uma intensa tranquilidade baixa e toma conta de tudo. O movimento nas ruas vai ficando lento quando anoitece. Nas veias do corpo, o movimento também diminui enquanto agonizamos. O barulho vai desaparecendo e é preciso ligar as lâmpadas para que a rua continue ativa. Na iminência da morte, se você quiser continuar "funcionando", tem que ligar os aparelhos. Mas, às vezes, ligar os aparelhos não resolve. Da mesma forma, não adianta tentar manter a movimentação nas ruas apenas fazendo com que as luzes permanecam acesas. Uma hora tudo para. Aí só resta aquela luz no fim do túnel. Quando ela desaparece tudo acaba. Sei como é isso. Ou pelo menos sabia...
segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
Poeminha Eriçado
Fiz um verso bem sacana
Não daqueles que se da
A quem se ama
Mas pra quem quer se levar pra cama.
Não daqueles que se da
A quem se ama
Mas pra quem quer se levar pra cama.
Um verso que se sente
Pra bagunçar a mente
Com abraços apertados
E beijos quentes.
Poeminha eriçado
De deixar o corpo arrepiado
Com friozinho na barriga
E calor pra todo lado.
Num suspiro pretensioso
Te mostro como é gostoso
Poesias em gemidos inspirados
No puro frenesi do gozo.
(Laís Trindade - adaptado por Wesley Sobrinho)
quarta-feira, 14 de janeiro de 2009
O Maluco do Punhal | Cap. 5
(Leia o primeiro capítulo da série: Maluco do Punhal Cap. 1)
Os gritos eram cada vez mais altos e desesperados. Certamente eram provocados por uma dor insuportável. Loreta correu na direção da fresta na porta, batendo-se em cadeiras de metal e chutando garrafas quebradas. Não enxergava quase nada.
Um golpe certeiro na testa o derrubou. Sentiu cacos de vidro penetrando suas costas. Foi sua vez de gritar. O dueto de choros lancinante fazia o pequeno Arivelton se sentir num pesadelo interminável. Suas lágrimas misturavam-se com seu sangue. Náusea. A escuridão parecia ficar mais intensa. A criança desmaiou, mas os gritos continuavam a incomodá-la. Em seu estado de inconsciência, acreditava estar no inferno.
Loreta, ainda em seu triste estado de razão, viu a porta se abrir e um homem de aspecto doentio sair rapidamente por ela. A luz invadiu o ambiente e trouxe consigo a pior das dores de Loreta. Voltou o olhar para a parte interna do estabelecimento. No centro, jazia seu irmão sobre uma poça de sangue. O tiro que deflagrara atingiu o peito de Buzina...
(Continua no sexto post da série: Maluco do Punhal Cap. 6)
sexta-feira, 9 de janeiro de 2009
Cefaleia Mortal
A mornidão é gostosa quando o tempo está extremamente frio ou quente. Enchi um balde com água da torneira e coloquei uma panela com água no fogo. Misturei ambas. Minha cabeça fervia e precisava de algo que me desse prazer. Que amenizasse meu sofrimento. As veias latejando na lateral da minha testa pareciam estar na iminência de explodir. Os olhos pareciam produzir mormaço quando eu os abria. Não era uma simples dor de cabeça.
Coloquei o balde no banheiro. Olhei para o seu interior e vi meu reflexo na água morna. Um semblante de dor. Toquei a água com o dedo indicador da mão direita. A imagem se desfez. O semblante de dor desapareceu. Então tive uma ideia.
Me ajoelhei. Encostei meu queixo na borda do balde. Fechei os olhos e comecei a enfiar minha cabeça na água morna. O equilíbrio da temperatura era prazeroso. A água cobre os meus ouvidos. Seguro na borda do balde com força. O tempo se arrastava. A necessidade de oxigênio ia ficando maior a cada segundo. Espasmos involuntários. O líquido penetrou minhas narinas como facas afiadas.
Inalei a água como se fosse ar. Meus pulmões começaram a pulsar descontroladamente. Meus neurônios me dando broncas com as vozes cada vez mais baixas. A água não estava mais morna. Parecia ferver. No entanto, a temperatura do meu cérebro parecia baixar. O equilíbrio. Uma eternidade se passou. Meu corpo querendo se erguer. Lutei contra meu extinto de sobrevivência. A quantidade de água no balde diminuía. De repente, a dor de cabeça finalmente desapareceu.
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