terça-feira, 19 de outubro de 2010

Cabelos



Cabelos são importantes,

Sempre dizia minha mãe,

Pensando nos netos,

E no sofrimento dantes.


Pra me livrar desta sina,

Da geração de rebeldia capilar,

Continuou a se comportar,

Como se não houvesse Guanidina.


Meu filho, olha meu cabelo,

Dá despesa e trabalho arrumar,

De verão, não pode molhar,

Pois aí já vai ser mais dinheiro.


E daí?! Penso eu,

Quanto mais bagunçado melhor,

A cabeça não fica pior,

Nem o liso a alguém tira do breu...

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Caduquices de um jovem visionário


Desesperado,

Por alguma ocorrência exterior que eleve o meu status.

Elogiado,

Por quem reconhece meu talento mas não o valoriza de fato.

Criticado,

Por quem tem poder de ajudar-me mas me trata como um rato.

Contemplado,

Por uma sociedade incapaz de promover sequer um ato.

Desprezado,

Por um sistema opressor, tema de críticos baratos.

Caluniado,

Por colegas que brigam pelo mesmo espaço apertado e chato.

Ludibriado,

Pelos que me convenceram a tentar atravessar o mar a nado.

Devorado,

Pelos povos sem status, aguçados de oufato, que me perseguem enquanto nado neste mar cheio de rato, lutando como mosca no prato, chato de fato, onde pulei só pra provar que se eu quiser eu me mato.

E agora que sou alvo?

Tenho que provar que, porque quero, me salvo!

No dia que conseguir,

Já serei velho, incontinente e calvo.

E pra me divertir?

Jogarei xadrez até que em um sobressalto, descobrir que minha mente não regula, fiquei burro como mula. Viverei do banheiro pra cama.

E, finalmente, pra me divertir...

Xadrez vai ser complicado, então jogarei dama.

Ô retrocesso! Ô vida insana...