segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Experimento sociológico: eu menti pro chefe!



Estou empenhado num novo experimento sociológico. Criarei situações incomuns e observarei a reação das pessoas envolvidas para realizar uma análise crítica e científica sobre as ínfimas, milimétricas, fracionárias ações voluntárias e involuntárias. Já pensei em algumas das próximas situações que vou provocar. Mas, aceito sugestões.

Hoje inaugurei meu experimento. Chegue para o meu chefe e disse que tinha algo muito importante para conversar com ele. Na verdade, disse, tinha uma confissão a fazer. Ele olhou nos meus olhos tentando encontrar algo que lhe permitisse prever o que eu pretendia. Eu, ao perceber, simplesmente fechei os olhos.

Após cerca de cinco segundos, os abri novamente e contemplei meu chefe olhando-me perplexo. Como alguém que foi vomitado por um desconhecido ou foi testemunha ocular do atropelamento de um gato. – Não estou louco – disse. – Apenas quero que saiba que menti para o senhor.

O chefe conseguiu exibir uma expressão facial ainda pior do que a que já me assustava. “Eu sou louco. Melhor parar por aqui”, pensei comigo. Mas decidir prosseguir com meu experimento. Tudo pelo bem da ciência. – Tudo que coloquei no meu currículo era mentira! – balbuciei forçando um falso choro.

Mas prossegui. Disse que coloquei todas aquelas experiências em grandes jornais do mundo inteiro só para aumentar minhas chances de trabalhar na empresa. – Mas agora que já mostrei meu potencial, estou revelando a verdade e espero que me permita continuar prestando meus serviços a empresa. – disse.

Ele fechou os olhos por cinco segundo e, ao abrir, riu...

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Negros a venda


Pés descalços,
Gesto simples,
Vendo para que compres,
Essas vidas sem calços.

Negros de nariz amassado,
Mas de músculos de pedra,
Carregam baldes de merda,
Sobre os cabelos crespos maltratados.

Comprem enquanto estão vivos,
Comprem antes que a morte os leve,
Suportarão o deserto e a neve,
Comerão seus animais nocivos.

Pés ainda descalços,
Correntes ainda pesadas,
Liberdades assassinadas,
Esperança na corda com laços.

Uma luta,
Forças desiguais,
“Não somos animais!
Rebanho de filhos da p..."

De pés calçados,
Olhando com olhos altivos.
Sim, ainda estão vivos,
Os mesmos pálidos desgraçados.

Séculos se passaram,
Dizem que a história é outra,
Mas há quem seja contra,
Os laços já se quebraram?