domingo, 4 de outubro de 2009

Maravilhoso Rio



Maravilhoso rio,
Atiro-me para ti entregando-te a vida.
Amei teu curso, tua lida,
Encontrei-me com as rochas,
E meu coração se abriu.

Meu sangue misturou-se com o teu,
Compartilhamos, então, o mesmo frio.
Alimentei os teus peixes,
Ele preencheu meu vazio.

Fique preso em sua rede,
Junto a outros seres condenados.
Agora nunca mais terei sede,
Como corpos mortos ensopados.
Liberto da dor de quem uma vez caiu.

Estou completo agora,
Dentro deste rio.
É aqui que mora a paz,
Onde vê-se o reflexo da aurora,
Brilho de panelas areadas com bombril.

2 comentários:

Aline Carvalho disse...

Também mergulhei num rio, mas contínuo com sede. Me choquei também contra pedras e meu sangue jaz misturado com as águas negras que dantes me trouxeram euforia mas agora converte tudo de bom em agonia.
No encontro com as rochas, porém, há diferença, pois, meu coração ao invés de se abrir se fechou.
Não amo o curso do meu rio!
Não me fascina seu percurso!
Sigo arrastada, entretanto minha face já não se contorce com os solavancos da correnteza que leva meu corpo. Minha expressão traduz a indiferença, pois se é pra ser arrastada não irei gastar minha energia.
Ainda posso ser vista na superficie. Mas não por muito tempo.
Tal é o rio serei eu. quem me procurar não encontrará. Não haverá distição entre mim e ele.
Estarei só e faço questão que seja assim.
Não alimantarei minha mente com outra coisa alem de dar amor aos necessitados.
Que morra o amor herus para mim, de nada me serviu, nem servirá.
Que o rio me leve! Agora ele tem dominio, mas logo não será mais assim.

Adalicio Anjos disse...

Para mim está perfeita a poesia, e me agradou muito ter lido, porém, esse bombril no final... particularmente, desfigurou toda a imagem mórbida e interessante.