quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Notas inpensadas


Fluxo de consciência das 14h54 


Ele sempre dizia não, qualquer que fosse a pergunta. Se perguntasse se ele era macho, ele disparava um surpreendente não, se lhe ofereciam uma deliciosa sobremesa, ele respondia com um não bem mastigado, se questionavam quanto era 2+2 ele respondia com um incoerente não. O apelidaram de Du Contra, sem saberem que este era seu nome de batismo. Era mesmo uma figura, tanto que sempre me imaginei entrevistando-o. Um dia tive a oportunidade de abordá-lo e perguntei se poderia escrever uma matéria sobre ele. Ele, prontamente, respondeu que não! 


Fluxo de consciência das 15h26 

Os cabelos dela cheiravam a rosas. Na verdade eu nunca havia cheirado aquelas densas madeixas, mas eram tão belas que só poderiam cheirar a rosas. Essência é isso. Aroma, consistência e aparência em perfeita harmonia. No meio daquela cascata de rosas só faltava eu. Não sei nadar, mas me afogaria com prazer entre aqueles fios provavelmente cheirosos. Mesmo há cerca de dois metros de distância, inspirava com intensidade, a ponto de dilatar os pulmões, tentando sentir o suposto perfume daqueles cachos. E, acreditem, só sentia perfume de rosas... 

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Fluxo de consciência das 13h33 

Dois dias ou três são suficientes para comer um bode com chifres e tudo. Depois de algum tempo você consegue em 12 horas. Mas para que serve comer chifres? Quem come seja lá o que for depois tem que colocar pra fora e ninguém gosta de colocar chifres pra fora. Será, então, que comem para que eles não fiquem à vista? Faria sentido se os chifres não fossem de um bode. Não há porque se incomodar com os chifres do bode, pois todo bode tem chifres e nem o bode se incomoda com isso. Coma bode, mas não coma o chifre!