quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Movimento Estagnado


Mais um ano passou!!
Brilham os fogos de artifício.
Tá, ta-ra-ra-ta, poww!!!
Só isso...


O mundo circulou o sol,
Espermatoziodes se tornaram filhos,
Fez mais buracos o Aerozol,
É... o metrô não corre nos trilhos...


Mas muitas coisas transformei,
Cá, com meu jornal. Sentado.
Alimentos defequei,
Meu movimento estagnado...

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Não sonha?!



Seu humano! Racional!
Não tem Esperança?
Não Sonha?

Persegue a coerência!
Faz repulsa a demência!
Não sonha!

Ilusão é doença!
O comestível é bonança!
Não sonha!

Será ele apenas carne?
Além dos ossos que a sustenta?
Não sonha?

Eu, observo risonho.
Em meu gesto idiossincrático.
Apenas sonho...

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Serra da Caraconha | Cap_7



O trecho mais difícil foi vencido. A ferida da corajosa senhora secara. Não mais manchava as rochas com seu sangue. A impressão de velha frágil que a acompanhara durante quase todo o trajeto ficou para a trás. Os passos inseguros e a expressão de dor se perderam na toca da onça.

Agora falava alto e desatadamente, como uma pessoa bastante comunicativa que bebeu demais. “Manda essas fotos para o meu e-mail que quero botar no Orkut”, ordenava a um dos aventureiros provocando graça. Seu tom de voz fazendo-me lembrar Dercy Gonçalves.

O meu suor fazia as duas garrafas escorregarem bermuda a dentro o tempo todo. Tinha que ficar puxando-as para a cintura e inflar o estômago para apertá-las. Esse gesto me dava a impressão de ter emagrecido uns dois quilos naquela escalada. O sol ficava cada vez mais quente. Minha vontade de descansar aumentava.

A senhora eufórica estava poucos metros atrás de mim. Cantarolando, reclamando com um e outro e até proferindo palavras ofensivas ao “capelão”. Usava apenas uma das mãos para apoiar-se. Na outra, carregava dois pequenos cactos. A ausência de medo chegava a ser preocupante. Certamente o comportamento inconseqüente era resultado da produção desordenada (desregulada) de adrenalina em seu corpo...

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Lembranças desatadas


Desvaneceram com tua presença,


Mágoas pensadas eternas,


Feridas mal curadas,


Agora desintegradas,


Não passam de leves lembranças,


Na mente que tu governas...

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Serra da Caraconha | Cap_6



O medo havia invadido os sentidos de Mara a ponto de deixá-la convencida de que não daria mais um passo. Precisava de proteção, segurança, ausência de riscos. A situação lhe proporcionava o inverso de tudo isso. Gritava. As lagrimas descendo, molhando-lhe as têmporas ainda rosadas. Sua expressão mudando a cada instante. Insegurança, tristeza, medo, desespero...


A forma como seus olhos transpareciam seus sentimentos era quase sobrenatural. Como se um auxílio sobre-humano de repente nos dotasse de poderes telepáticos. Palavras de incentivo iam atingindo-a em cheio, fazendo-a, aos poucos, desvencilhar-se dos laços do medo.


Apoiada por braços amigos, ela decidiu empregar as forças que lhe restavam para combater a rocha. Em sua mente, via esta gritando para ela:
- Daqui você não passa! - determinou a barreira de pedra.
- Ah! Vamos ver!! - desafiou Mara.


Ainda com medo, levantou as mãos e tateou a grande pedra, tentando encontrar alguma saliência. Encontrou apenas sutis irregularidades. Seus braços e pernas se movem. Os olhos se fecham. O movimento se repete. Seus olhos se abrem. Viu-se na toca da onça, de cara para um tijolo preso com cimento na rocha. Agarrou-o e o sangue voltou a circular com mais naturalidade, amenizando sua palidez.